A minha carne é verdadeira comida - e o meu sangue, verdadeira bebida

A minha carne é verdadeira comida - e o meu sangue, verdadeira bebida - Hoje é dia dezanove de abril, sexta-feira da terceira semana do tempo pascal. Nós estamos juntos para mais um momento de oração. Este momento de oração é uma inciativa para cumprir um pedido “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15) Uma iniciativa que levaremos ao ar todos os dias de segunda a sexta feira, através das redes sociais, e tem como fonte: A Bíblia, o programa diário https://passo-a-rezar.net/ - e parte do texto é de autoria de Joana Viana Lopes, a proclamação do Evangelho - Liturgia Diária CNBB 2024, os Evangelhos do dia a dia das Edições Paulus e Paulinas, Diário Bíblico Editora Ave Maria. Nós saudamos a todos com a mensagem Franciscana de Paz e Bem!

A nossa vida, como a oração, é uma arte contínua de recomeçar, de caminhar de novo, de voltar
ao amor primordial. Diante das experiências de pecado e de queda, escuta do Senhor, como o escutou o apóstolo Paulo, as palavras da salvação: “Basta-te a minha graça”. Que a graça do Senhor nos acompanhe, hoje e em todos os dias da nossa vida. (¹Joana Viana Lopes – passo a rezar net)

Leitura do livro dos Atos dos Apóstolos. (At 9, 1-20)

Vivia em Damasco um discípulo chamado Ananias e o Senhor chamou-o numa visão: «Ananias». (…) «Levanta-te e vai à rua chamada Direita procurar, em casa de Judas, um homem de Tarso, chamado Saulo, que está a orar». – Entretanto, Saulo teve uma visão, em que um homem chamado Ananias entrava e impunha-lhe as mãos, para que recuperasse a vista –. Ananias respondeu: «Senhor, tenho ouvido contar a muitas pessoas todo o mal que esse homem fez aos teus fiéis em Jerusalém; e agora está aqui com plenos poderes dos príncipes dos sacerdotes para prender todos os que invocam o teu nome». O Senhor disse-lhe: «Vai, porque esse homem é o instrumento escolhido por mim, para levar o meu nome ao conhecimento dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto ele tem de sofrer pelo meu nome». Então Ananias partiu, entrou na casa, impôs as mãos a Saulo e disse-lhe: «Saulo, meu irmão, quem me envia é o Senhor,
– esse Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas – a fim de recuperares a vista
e ficares cheio do Espírito Santo». Imediatamente lhe caíram dos olhos uma espécie de escamas
e recuperou a vista. Depois levantou-se, recebeu o baptismo e, tendo tomado alimento, readquiriu as forças. Saulo passou alguns dias com os discípulos de Damasco e começou logo a proclamar nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus. Palavra de Deus, Graças a Deus

·         No Livro do Atos dos Apóstolos - Saulo encontra-se com o Senhor e transforma-se em Paulo. Traz à memória o teu processo de conversão e saboreia-o com o Senhor. Deixa-te comover por teres sido escolhido e procura reconhecer o que mudou em ti. Ananias ouve o Senhor, responde ao seu chamamento, questiona-o e cumpre o que Ele lhe pede. Uma relação de grande intimidade que permite a escuta, o diálogo, o reconhecimento e a ação. De todas estas coisas, o que está mais em falta na tua relação com o Senhor? Procura sintonizar o teu coração com o de Paulo. O que terá sentido ao ser escolhido por aquele que perseguia? (²Joana Viana Lopes – passo a rezar net)

Neste momento eu convido os irmãos e irmãs para ouvirmos a Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João, que está no capítulo seis, versículos do cinquenta e dois ao cinquenta e nove (Jo 6,52-59)
Aleluia, Aleluia, Aleluia. V. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue em mim permanece e eu vou ficar nele.A minha carne é verdadeira comida - e o meu sangue, verdadeira bebida. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (Jo 6,52-59), Glória a Vós Senhor!

Naquele tempo, ⁵²os judeus discutiam entre si, dizendo: "Como é que ele pode dar a sua carne a comer?" ⁵³Então Jesus disse: "Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. ⁵⁴Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. ⁵⁵Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. ⁵⁶Quem come a minha carne
e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. ⁵⁷Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. ⁵⁸Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre". ⁵⁹Assim falou Jesus, ensinando na sinagoga em Cafarnaum. Estas, amados irmãos e irmãs, são Palavra da Salvação, Glória a Vós Senhor!

 A vida definitiva se encontra justamente na condição humana de Jesus (carne): Jesus é o filho de Deus que se encarnou para dar vida ao ser humano, isto é, para viver em favor dos homens. A vida definitiva começa quando o ser humano, comprometendo-se com Jesus, aceita a própria condição humana e vive em favor dos outros. E Jesus dá um passo além: ele vai oferecer sua própria vida (carne e sangue) em favor do ser humano. Por isso, o compromisso com Jesus exige também que o fiel esteja disposto a dar a própria vida em favor dos outros. A Eucaristia é o sacramento que manifesta eficazmente na comunidade esse compromisso com a encarnação e a morte de Jesus. (³Bíblia Pastoral – Jo, 6, 51-59)

As palavras de Jesus eram incógnitas para os ouvintes. Carne e sangue, comer e beber chocavam-lhes os ouvidos. Era como se aludissem a uma espécie de antropofagia (ato de comer carne humana). Algo repugnante! O linguajar de Jesus não era, devidamente, percebido. Era tomado como linguagem real, enquanto se tratava de linguagem figurativa. Para entendê-la, urgia dar o salto referencial – carne, sangue, comer, beber – ao referido – o evento Jesus – estabelecendo a relação entre ambos. Este passo possibilitaria descartar o antropofagismo do ensinamento de Jesus e compreender lhe o ensinamento num plano diferente. Trata-se das relações entre o Mestre e os discípulos. Os vínculos que os unem podem ser comparados ao alimento ingerido que se perde no corpo humano e não pode ser mais identificado. Jesus faz parte da vida do discípulo a tal ponto que seus gestos de bondade expressam a comunhão com o Mestre, de quem se alimenta, sem que a ação deixe de ser sua. Como o alimento permite ao ser humano agir, da mesma forma, a presença do Mestre na vida do discípulo move-o a fazer sempre o bem. (⁴Jaldemir Vitório, SJ – Dia a Dia nos passos de Jesus – 20111 – Paulinas)

Os judeus consideram estranha a linguagem de Jesus e reagem: “Como pode ele dar-nos a sua carne para comer?”. Faltava-lhes, naturalmente, uma compreensão melhor sobre as palavras de Jesus. Carne entregue e sangue derramado referem-se à própria vida de Jesus doada mediante sua morte na cruz. Comer a carne de Jesus e beber seu sangue significam estabelecer com ele uma comunhão íntima, chegar ao ponto de se identificar com ele. O Apóstolo Paulo alcançou tão profundo grau de comunhão com Jesus, que escrevia aos gálatas: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Para favorecer nossa íntima comunhão com Jesus, ele nos deixou o sacramento da Eucaristia, através da qual tudo fazemos por Cristo, com Cristo e em Cristo, com a certeza de nossa ressurreição e vida eterna. (⁵Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp – Dia a Dia com o Evangelho 2015/2017/2023 – Paulus)

Hoje Jesus nos apresenta o ponto central de seu discurso ao anunciar a Eucaristia no pão e no vinho consagrados, que são verdadeiramente seu Corpo e seu Sangue, e onde “a vida e a liberdade podem ser encontradas”. Após a consagração, o Sacerdote proclama: “Tudo isto é mistério da fé” e, após comungarmos aclamamos: “amém!”. Para aceitarmos a Eucaristia e tudo aquilo que ela encerra, precisamos da fé, precisamos, como nos alertava o Evangelho de ontem, nos deixar atrair por Jesus Cristo. Como alguém já afirmou, a fé é a premissa do Sacramento, e este expressa-a e alimenta-a. Diante dessas afirmações, ao nos aproximarmos da mesa da Eucaristia, tenhamos esta certeza em nossos corações: “O Corpo e o Sangue, isto é, a pessoa de Jesus Cristo, recebidos com fé são fonte de Ressurreição e de Vida Eterna”. (⁶Pe. Marcos Loro, CMF – Diário Bíblico 2016 – Ed. Ave Maria)

O discurso na sinagoga de Cafarnaum foi longo e polêmico. Era (e ainda o é) inadmissível para os judeus comerem carne humana e Jesus reafirma várias vezes que quem não come e não bebe da sua carne e do seu sangue não será salvo. A vida, em Jesus, vem do fato de permanecermos nele e ele em nós por meio da eucaristia. Aquele que come da eucaristia viverá por Cristo. Salutar verdade: a eucaristia é o alimento daqueles e daquelas que se colocam no seguimento de Jesus e completam a sua missão redentora no mundo. (⁷Elizabeth Mendes FCJ, - Diário Bíblico – 2018 – Ed. Ave Maria)

O discurso sobre o pão da vida foi escrito quando já existia longa prática da celebração eucarística. Ao instituir a eucaristia, Jesus abençoa o pão e diz: “Isto é o meu corpo”, depois abençoa o vinho e diz: “Este é o meu sangue”. Carne e sangue equivalem à totalidade da pessoa. É como se Jesus afirmasse: “Sou eu, que me ofereço como alimento espiritual”. Os interlocutores de Jesus entenderam suas palavras em sentido material, por isso discutem entre si: “Como pode ele dar-nos a sua carne para comer?”. Por outro lado, comer e beber, nesse contexto, não é algo meramente simbólico. É a própria presença de Jesus Cristo. Eucaristia é verdadeira comida e verdadeira bebida. Ela é sacramento, isto é, sinal sensível da salvação de Deus. Ela realiza o que diz. (⁸Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp- Dia a Dia com o Evangelho 2018 – Paulus)

As afirmações humanas são comumente parciais. Tendemos a dizer as coisas sem muita ênfase, talvez para não nos comprometermos. É por isso que a afirmação de Jesus se torna muito forte: "Meu corpo é verdadeiramente comida e meu sangue, verdadeiramente uma bebida”. Ele não diz que “parece” uma comida ou que é “tipo uma bebida”. O “verdadeiramente” reforça o propósito do anúncio de Cristo. Não é como na diplomacia humana, em que nunca se nega ou se afirma nada. O anúncio de Cristo não deixa margem para interpretações, pois é categórico. É justamente de uma mensagem assim que precisamos! Já estamos fartos de coisas que apenas aparentam ser! A Eucaristia é o Corpo e o Sangue de Cristo verdadeiramente. (⁹Moisés Alves dos Santos – Daniel Aparício Rasteiro – CMF – Diário Bíblico 2019 – Ed. Ave Maria)

As palavras que Jesus dirige aos judeus são fortes. Certamente, os judeus por causa de sua fé, não compreendiam nem aceitavam, o que Jesus estava dizendo; nós hoje, poderíamos nos perguntar se compreendemos essas mesmas palavras de Jesus com clareza. Xe maneira elevada, digamos dessa forma, o que Jesus diz reflete uma realidade já vivida pelos primeiros cristãos e que João, o evangelista, organiza e propõe àqueles que necessitam de instrução acerca da fé em Jesus. É preciso, em palavras simples, romper com esquemas mentais ultrapassados e abrir-se para a novidade que já está presente no meio de nós. A vida plena proposta por Jesus tem lugar no nosso aqui e agora à medida que nos deixamos por suas por suas instruções. Comer a carne e beber o sangue de Cristo é participar em plenitude de seu projeto que visa garantir vida plena a todos. (¹⁰Padres e Irmãos Paulinos – Dia a Dia com o Evangelho – 2022 – Paulus)

Comer da carne de Jesus era uma pressão incompreensível e repugnante para os judeus. Eles tinham em mente a realidade física. Jesus, no entanto, fala em outro sentido. Para os leitores do Evangelho de João, a expressão adquire sentido ao considerar a celebração e a realidade da Eucaristia. Alimentar-se de Jesus é participar da sua vida, que tem como garantia a ressurreição. Jesus responde à pergunta: “Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?”. Na doação se revela a vida que está nele: o Espírito e o amor-doação brotarão como água da vida do seu corpo entregue. Jesus é o novo Cordeiro Pascal: sua carne e seu sangue dão vida definitiva e são força vital para a comunidade cristã. Comer a carne e beber o sangue promovem uma transformação interior do discípulo e uma identificação com Ele. Permanecer em Jesus é permanecer no amor, que se manifesta no comer e no beber. (11Braz Lorenzetti – CMF – Diário Bíblico – 2024 – Ed. Ave Maria)

Terminemos esse nosso momento de oração pedindo ao Senhor que nos torne mais dóceis ao seu chamamento, mais atentos a escutar a sua voz e mais diligentes em cumprir a sua vontade. Senhor Jesus, ajuda-nos a compreender tua presença em nossas vidas, como alimento que nos sustenta e nos move sempre a fazer o bem. Ó Jesus, divino Mestre, na sinagoga de Cafarnaum, ensinavas a teus compatriotas, dizendo: “Quem como minha carne e bebe meu sangue tem vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”. Abre a nossa mente, Senhor, para compreendermos o sentido profundo de tua mensagem. Amém!

Fonte: (¹Joana Viana Lopes – passo a rezar net) - (²Joana Viana Lopes – passo a rezar net) (³Bíblia Pastoral – Jo, 6, 51-59) - (⁴Jaldemir Vitório, SJ – Dia a Dia nos passos de Jesus – 20111 – Paulinas) - (⁵Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp – Dia a Dia com o Evangelho 2015/2017/2023 – Paulus) - (⁶Pe. Marcos Loro, CMF – Diário Bíblico 2016 – Ed. Ave Maria) - (⁷Elizabeth Mendes FCJ, - Diário Bíblico – 2018 – Ed. Ave Maria) - (⁸Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp- Dia a Dia com o Evangelho 2018 – Paulus) - . (⁹Moisés Alves dos Santos – Daniel Aparício Rasteiro – CMF – Diário Bíblico 2019 – Ed. Ave Maria) - (¹⁰Padres e Irmãos Paulinos – Dia a Dia com o Evangelho – 2022 – Paulus)