As Redes Sociais Alongaram as Pernas da Mentira?
Se a mentira tem perna curta, as redes sociais deram a ela um par de tênis velozes e a soltaram num campo aberto: o da política.
Nunca foi tão fácil espalhar desinformação — e nunca foi tão difícil conter seus estragos. As redes, criadas para conectar pessoas, tornaram-se ferramentas poderosas para manipular emoções, reforçar bolhas ideológicas e viralizar inverdades. Mentiras políticas não são novidade. A diferença é que, hoje, com um clique, elas atravessam continentes, moldam narrativas e influenciam eleições. Na política, a mentira ganha força quando disfarçada de "opinião" ou "liberdade de expressão". É compartilhada por quem quer acreditar nela — ou por quem lucra com sua propagação. O algoritmo não julga o conteúdo; só premia o engajamento. E nesse jogo, a mentira costuma ser mais sedutora que a verdade. Como cidadãos, precisamos reaprender a desconfiar, investigar, refletir. Checar fontes, buscar o contraditório e entender que não é porque foi postado que é verdade. O combate à desinformação é coletivo. E a democracia só sobrevive se a verdade conseguir acompanhar o ritmo.
A quem interessa manter as pernas da mentira correndo soltas? Essa é a pergunta que não quer calar — e que precisa ser feita com coragem.
1. Aos líderes autoritários e populistas - Crescem no caos da desinformação. Criam inimigos imaginários, dividem o povo e acusam instituições democráticas de conspiração. A mentira, aqui, é combustível para o poder.
2. Aos estrategistas do marketing político sem ética - Narrativas falsas são armas de campanha. Perfis fantasmas, vídeos manipulados, fake news com aparência de verdade: tudo vale para vencer — mesmo que a verdade perca.
3. Às grandes plataformas digitais - As redes lucram com o engajamento. Mentiras escandalosas clicam mais que verdades complexas. Enquanto isso, a autorregulação é tímida, e a responsabilidade é terceirizada.
4. Aos cidadãos que compartilham sem pensar - Boa parte da mentira política viraliza porque alguém acreditou, não checou e passou adiante. A desinformação se disfarça de “opinião pessoal” e ganha força na comunicação boca a boca virtual.
A manutenção desse ecossistema da mentira interessa a quem tem medo da lucidez coletiva. Porque uma sociedade bem-informada é mais exigente, mais crítica e mais difícil de ser manipulada. É hora de reaprender a desconfiar. Checar fontes. Questionar o que parece óbvio demais. E defender a verdade, mesmo quando ela anda mais devagar.