Os presidentes do MDB, Baleia Rossi, e do PSDB, Bruno Araújo, iniciaram conversas, há três semanas, para unir os dois partidos em uma federação partidária, segundo a colunista do G1 e da GloboNews, Natuza Nery. (bahia.ba)
Baleia Rossi
Mrconi Pirilo Fotos - Divulgação
A união entre as siglas (MDB e PSDB), não é fácil, uma vez que os partidos precisarão seguir juntos por quatro anos, mas a avaliação interna é de que as legendas estão num mesmo campo político e que, juntas, conseguem alguma brecha para tentar furar o dueto do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Bolsonaro (PL).
A frase, MDB de ator principal a um mero figurante e coadjuvante na política brasileira, parece sugerir que alguém ou algo que antes tinha um papel de grande relevância ou protagonismo na política brasileira passou a desempenhar uma função muito menor ou secundária. No caso específico do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), isso pode ser interpretado como uma crítica à sua diminuição de relevância ou influência no cenário político nacional. O MDB foi historicamente um partido de grande destaque, principalmente durante a transição democrática no Brasil, mas ao longo dos anos enfrentou crises de identidade, perda de protagonismo eleitoral, escândalos de corrupção e desafios internos que podem ter contribuído para sua "marginalização" no palco político
A possível fusão política entre o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) e o PSDB (Partido da Social-Democracia Brasileira) reflete um momento simbólico e estratégico da política brasileira, em que dois partidos tradicionais buscam sobreviver às mudanças no cenário, marcado por polarizações mais destacadas e o crescimento de forças políticas menores ou emergentes. O MDB, que já foi um ator central no cenário político, perdeu espaço nas últimas décadas devido à fragmentação política, à queda de popularidade de suas lideranças históricas e ao impacto de escândalos de corrupção (como os revelados pela Operação Lava Jato). Por outro lado, o PSDB, que foi o principal partido de oposição ao PT nos anos 1990 e 2000, também enfrentou dificuldades, com resultados eleitorais enfraquecidos e perda de identidade política.
Razões para a possível fusão:
Declínio eleitoral: Ambos os partidos vêm encolhendo em termos de votos, prefeituras e bancadas no Congresso. Nas eleições de 2022, o PSDB e o MDB tiveram desempenhos abaixo das expectativas, mostrando a necessidade de reinventarem suas estratégias. A sobrevivência política do MDB e do PSDB está diretamente ligada à necessidade de adaptação ao novo cenário político brasileiro, caracterizado por mudanças estruturais como a cláusula de barreira, a polarização crescente e a fragmentação de eleições. Esses desafios forçaram os dois partidos, que já foram gigantes na política nacional, a compensar suas estratégias e até mesmo a considerar a fusão como uma saída para manter alguma relevância.
Cenário atual que ameaça a sobrevivência do MDB e do PSDB
Cláusula de Barreira Instituída em 2017: uma cláusula de barreira restringe o acesso dos partidos ao fundo partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV caso não atinjam um percentual mínimo de votos. O desempenho eleitoral declinante tanto do PSDB quanto do MDB coloca em risco de perder esses recursos essenciais. A fusão seria uma solução para superar juntos esse obstáculo em vista da erosão do protagonismo histórico de ambos os partidos.
Desgaste da imagem partidária; mudança geracional do eleitorado; polarização ideológica; redução do espaço político para partidos de centro; fragmentação do eleitorado. Relevância parlamentar em queda: A diminuição das bancadas no Congresso Nacional enfraqueceu o poder de negociação dos dois partidos. MDB e PSDB, que historicamente ocupavam papéis de mediadores ou moderadores no Legislativo, perderam espaço na definição de agendas políticas. Com um Congresso mais pulverizado, a influência política agora está nas mãos de partidos como o PL, União Brasil, e Republicanos, que dominam a base do governo ou o centrão. Sem uma fusão, PSDB e MDB correm o risco de se tornarem meros coadjuvantes nas decisões.
Perda de capilaridade regional - Presença Histórica e Nacional - · O MDB é um dos partidos mais antigos do Brasil, criado em 1966, durante o regime militar, como um partido de oposição ao governo. Sua atuação histórica e sua forte organização em todas as regiões do Brasil consolidaram sua presença nacional. · Mesmo após a redemocratização e a mudança para o nome PMDB em 1980 (retomando o MDB em 2017), o partido manteve sua estrutura sólida e se destacou pela capacidade de adaptação às mudanças políticas.
Força nas Eleições Municipais: · O MDB tradicionalmente concentra sua força em cidades pequenas e médias, com grande influência entre prefeitos e vereadores. A capacidade de formar alianças locais o torna especialmente forte em grande parte dos municípios. Em várias eleições, o MDB tem liderado o número de prefeituras, o que fortalece suas bases e sua rede de filiados.
Articulação Regional: · A estratégia do MDB inclui lideranças regionais que têm grande poder político e influência local. Esses líderes regionais são frequentemente responsáveis por alianças com outros partidos e articulações em eleições majoritárias.
MDB: Embora tenha lideranças relevantes, como Simone Tebet, o partido ainda sofre com a fragmentação interna e a falta de uma visão nacional unificada. PSDB: Sofre para recuperar seu discurso original de social-democracia, que perdeu apelo em meio à ascensão de pautas econômicas liberais e conservadoras.
A fusão pode ser uma tentativa de ambos os partidos se reposicionarem como uma força de renovação, atraindo lideranças jovens e buscando reconquistar candidatos desiludidos.
Construção de um contraponto ao “centrão”: MDB e PSDB não têm a mesma flexibilidade que partidos do centrão (União Brasil, Republicanos, PL) para fazer alianças pragmáticas sem comprometer sua identidade. Ambos têm bases que ainda cobram coerência. A fusão pode consolidar um espaço de centro moderado. Aproximação com pautas emergentes: Uma fusão pode facilitar a construção de uma agenda que aborda temas caros aos jovens candidatos, como o meio ambiente, igualdade de gênero, e tecnologias de inovação.
Conclusão: A fusão entre MDB e PSDB transcende a mera sobrevivência técnica, como superar a cláusula de barreira. Ela reflete uma tentativa de agressão política em um ambiente mais competitivo e fragmentado. Para sobreviverem como uma força relevante, os dois partidos precisam transformar a fusão em algo mais do que uma união pragmática. Será essencial: Definir uma nova identidade política que dialogue com o eleitorado atual; Renovar as lideranças para atrair novos apoiadores e reconquistar a confiança dos antigos; Aproveitar suas forças regionais e históricas para criar uma base nacional sólida. A fusão entre MDB e PSDB, por si só, não será suficiente para salvar os partidos e devolver-lhes a relevância política. A verdadeira questão está na revisão e coerência entre o discurso e a prática política das lideranças partidárias que já não gozam da mesma credibilidade junto à população. Porque a fusão só, não basta? Primeiro porque falta identidade política clara entre as duas agremiações, apesar de uma grande parte dos políticos do PSDB serem oriundos do MDB. Segundo, porque tanto o MDB quanto o PSDB enfrentam uma crise de identidade. O MDB, historicamente associado à moderação e à transição democrática, hoje é visto como um partido pragmático, que frequentemente adota posições oportunistas para garantir sua posição no cenário político nacional, e que reflete nos cenários estaduais e municipais. As lideranças do MDB não conseguem manter uma conexão permanente com a população e se apresentam, principalmente, apenas nos períodos eleitorais. Uma fusão, desconexa com a população, pode ser percebida como um movimento apenas para salvar o CNPJ dos partidos e não perderem a gordura das verbas para campanhas eleitorais. As lideranças, já carcomidas pelo tempo, não querem ceder lugar às novas lideranças que, nos últimos pleitos eleitorais têm se destacado, sobretudo na representação feminina. Esta mudança profunda ente discurso e prática, só será possível se os partidos passarem a adotar uma coerência total entre aquilo que prometem e os resultados que aparecer naquilo que fazem. Ter uma postura ética e evitar alianças contraditórias e buscar conexão com líderes comprometidos com a consolidação da democracia e, principalmente, terem coragem de saírem do papel de meros coadjuvantes e serem realmente protagonistas das mudanças almejadas pela população. A fusão entre MDB e PSDB pode ser um passo tático, mas não será suficiente para resgatar a relevância política de ambos os partidos. O caminho para a sobrevivência exige mudanças estruturais, renovação de práticas políticas e, acima de tudo, compromisso e conexão com as bases eleitorais, principais atores da condução das lideranças políticas ao poder, através do voto nas eleições. Adelino Alexandre Lopes – Literato – Membro Diretório do MDB, em Coxim-MS., fonte – Resenhas diversas – Chat GPT.