Hoje é dia vinte e oito de março, Quinta-Feira Santa da Ceia do Senhor. Nós estamos juntos para mais um momento de oração. Este momento de oração é uma inciativa para cumprir um pedido “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15) Uma iniciativa que levaremos ao ar todos os dias de segunda a sexta feira, através das redes sociais, e tem como fonte “A Bíblia, o programa diário https://passo-a-rezar.net/ - e parte do texto é de autoria do Pe. Nelson Faria SJ, a proclamação do Evangelho - Liturgia Diária CNBB 2024, os Evangelhos do dia a dia das Edições Paulus e Paulinas, Diário Bíblico Editora Ave Maria. Nós saudamos a todos com a mensagem Franciscana de Paz e Bem!
Hoje encontram-se os amigos para celebrar a Páscoa inesperada. É uma despedida disfarçada de celebração, ao mesmo tempo, é o inaugurar da fonte da salvação, a Eucaristia. Na véspera da sua morte, o Senhor confia aos discípulos a sua vida, a sua palavra e o seu espírito, através dos sinais do pão e do vinho, do gesto de lavar os pés, dos hinos da Páscoa hebraica. Hoje, na celebração da Ceia do Senhor, tem início o Tríduo Pascal: três dias nos quais, chegados ao cume do ano litúrgico, podemos mergulhar no mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Respiremos fundo e entremos na profundidade do coração de Jesus, do amor do Senhor pelo mundo. (1Pe. Nelson Faria SJ)
Jesus veio para servir! - A morte de Jesus abre a passagem para o Pai, e testemunha o amor supremo que mostra o sentido de toda a sua vida. O gesto de Jesus é ensinamento: a autoridade só pode ser entendida como função de serviço aos outros. Pedro resiste, porque ainda acredita que a desigualdade é legítima e necessária, e não entende que o amor produz igualdade e fraternidade. Na comunidade cristã existe diferença de funções, mas todas elas devem concorrer para que o amor mútuo seja eficaz. Já não se justifica nenhum tipo de superioridade, mas somente a relação pessoal de irmãos e amigos. (2Bíblia Pastoral – Jo 13,1-17)
O lava-pés marcou, fortemente, a consciência dos discípulos de Jesus. Nenhum mestre da época se disporia a lavar os pés dos discípulos, indo na contramão da tradição que coloca o discípulo em condição de inferioridade. Cabia ao discípulo servir o mestre, não o contrário. A recusa de Pedro em se deixar lavar é uma forma de repulsa ao gesto de Jesus. O Mestre, porém, questiona-o fortemente. Se não fosse capaz de mudar de mentalidade e pensar que um mestre pode lavar os pés dos discípulos sem se rebaixar e perder a autoridade, não estaria em condições de segui-lo. Hoje, também, quem não for capaz de aprender com o gesto de Jesus não poderá ser discípulo. (3Jaldemir Vitório, SJ – Dia a Dia nos passos de Jesus – 2011 – Paulinas)
Escuta esta passagem da primeira Carta de São Paulo aos Coríntios. (1 Cor 11, 23-26) Irmãos: Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de mim». Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim». Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha.
Paulo, relembra a instituição da Eucaristia, Ela é memória permanente da morte de Jesus como dom de vida para todos (corpo e sangue). A Eucaristia é a celebração da Nova Aliança, isto é, da nova humanidade que nasce da participação no ato de Jesus, não só no culto, mas na vida prática. Por isso, a comunidade que celebra a Eucaristia anuncia o futuro de uma reunião de toda a humanidade. Ao participar da Eucaristia, a comunidade forma um só corpo. Se a comunidade não entender isso (“sem discernir o corpo...”) celebrará a sua própria condenação, pois desligará a Eucaristia do seu antecedente e de suas consequências práticas: solidariedade e partilha. (4Bíblia Pastoral 1Co 23-26)
Prestes a enfrentar a morte, Jesus tem total conhecimento e domínio da situação. Ama até o fim. Durante a ceia, ele faz algo inédito e surpreendente: lava os pés dos apóstolos. Causa estranheza e reação no grupo. Segundo Pedro, não cabe ao Mestre e Senhor fazer esse serviço. Jesus, porém, realiza concretamente o que sempre havia ensinado na sua comunidade, o maior é aquele que serve a todos. Ao terminar o lava-pés, Jesus veste o manto, senta-se de novo e profere memorável sentença: “Se eu lavei os pés de vocês eu que sou o Senhor e o Mestre, vocês também devem lavar os pés uns dos outros”. O gesto renovador atravessa os séculos e chega a nós solenizado na quinta-feira santa, reafirmando que a Igreja de Cristo ( é a Igreja do serviço, da partilha e da fraternidade.(5Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp – Dia a Dia com o Evangelho – 2015/2017/2023 – Paulus)
A narrativa evangélica é densa de significado e contém duas dimensões: antes da festa da Páscoa: Jesus constitui a sua própria Páscoa, passar deste mundo para o Pai; até o extremo os amou: o amor derradeiro de Jesus pela humanidade que busca salvar a todo custo, dando a própria vida como garantia. O lava-pés é um gesto profético de Jesus, que significa um serviço de amor até o extremo: dar a própria vida. Com o gesto de lavar os pés – próprio dos escravos -, o próprio Deus se ajoelha diante do homem para prestar-lhe um serviço de amor. Ao recusar que Jesus lhe lave os pés, Pedro poderia estar se fechando ao ato salvador de Jesus. Fazer como Jesus fez: eis o grande pedido do Mestre! Que ele, o Mestre e Senhor, ajude-nos a entender a lição do lava-pés com profunda reverência e humildade para com os irmãos. (6Elizabeth Mendes FCJ, Diário Bíblico 2018 – Ed. Ave Maria)
Na última ceia com seus discípulos, Jesus anuncia que sua hora chegou. Diante da iminência de sua eliminação, realiza o gesto do lava-pés. Ao invés da instituição da eucaristia, João narra um gesto de serviço. O relato do Evangelho apresenta um tríplice conteúdo. O sentido do tempo: Jesus reconhece que chegou sua hora. A relação de amor pelos discípulos: amou-os até o fim, não excluindo nem o traidor. A relação de comunhão com o Pai: Jesus sabia que o Pai lhe colocara tudo nas mãos. Em meio ao jantar, Jesus se levanta e começa a lavar os pés dos discípulos. Vivendo conscientemente sua Páscoa (passagem), ele se apresenta como servo ao assumir o serviço do lava-pés, tarefa dos escravos. O gesto do Mestre mostra claramente que seu amor até o fim não consiste apenas em palavras bonitas, mas, muito mais, é serviço prestado aos irmãos e irmãs. A reação de Pedro mostra que ele não está disposto a assumir o projeto de Jesus, que propõe uma comunidade de iguais, onde não há privilegiados. Em outras palavras, todo seguidor de Jesus deve estar disposto a amar a todos com gestos concretos. (7Pe Lui\ Miguel Duarte, Dia a Dia com o Evangelho 2018 – Paulus)
O gesto do lava-pés é uma recordação de que a Igreja é, antes de tudo, serviço. Quando alguém experimenta a conversão, costuma entrar para o serviço do Senhor disposto a qualquer trabalho, até mesmo o mais humilde. Com o passar do tempo, pode haver o perigo da busca pelo reconhecimento, de modo que todos passam a querer ser líderes, e poucos se lembram que o chamado primeiro é para o serviço ao próximo. A bacia e a toalha nas mãos do sacerdote são símbolos de uma Igreja que se inclina para servir o pobre e os mais necessitados. Jesus diz que, se compreendermos essa atitude, “seremos felizes”. Contrário a todos os que dizem que a felicidade consiste em posses e status social, Jesus garante que a única coisa que pode realmente nos fazer feliz é o amor ao irmão. Uma vida só tem sentido quando devotado ao próximo. (8Moisés Alves dos Santos – Daniel Aparício Rasteiro – CMF – Diário Bíblico – 2019 – Ed. Ave Maria)
Neste momento eu convido os irmãos e irmãs para ouvirmos juntos a Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo João, que está no capítulo treze, versículos do um ao quinze
Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus. Eu vos dou este novo Mandamento, nova ordem agora vos dou, que, também, vos ameis uns aos outros, como eu vos amei, diz o Senhor.
Amou-os até o fim. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João (13,1-15) 1Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. 2Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. 3Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. 6Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: "Senhor, tu me lavas os pés?" 7Respondeu Jesus: "Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás". 8Disse-lhe Pedro: "Tu nunca me lavarás os pés!" Mas Jesus respondeu: "Se eu não te lavar, não terás parte comigo". 9Simão Pedro disse: "Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça". 10Jesus respondeu: "Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos". 11Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: "Nem todos estais limpos". 12Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: "Compreendeis o que acabo de fazer? 13Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz". Estas, amados irmãos e irmãs, são Palavra da Salvação, Glória a Vós, Senhor!
Tendo ouvido a proclamação das leituras e do Evangelho de hoje chega o momento de fazermos uma pequena reflexão e concluirmos esse nosso momento de oração de hoje.
Durante a ceia, Jesus lava os pés dos apóstolos. No Antigo Testamento, o dono da casa lavava os pés dos hóspedes em sinal de acolhida (cf Gn 18,4). A exemplo de Abraão, que acolheu Deus na figura dos três homens que o visitaram, Jesus, no gesto de lavar os pés dos discípulos, acolhe toda a humanidade na casa do Pai. A esta altura, o mestre, sabendo que vinha de Deus, tinha consciência de que estava prestes a voltar para Deus e de que sua missão estava praticamente concluída nesta terra. O evangelista João não narra a ceia e os gestos de Jesus sobre o pão e o vinho, como os outros evangelistas. Jesus, diante da ceia, lava os pés e ensina seus seguidores a fazer o mesmo. Lavar os pés é símbolo de humildade e de serviços aos irmãos e irmãs. Da eucaristia, portanto, brota o serviço g=fraterno em favor daqueles que necessitam. O serviço aos irmãos não é algo secundário, mas é memorial daquilo que o Mestre fez em favor dos discípulos e discípulas. O gesto de Pedro mostra que nem sempre estamos dispostos a nos doar ao serviço fraterno. (9Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp – Pe. Nilo Luza, ssp – Dia a Dia com o Evangelho – 2020 – Paulus)
O último gesto concreto de Jesus antes de ser julgado e condenado foi lavar os pés de seus discípulos. Gesto revolucionário, onde se viu um Mestre e Senhor lavar os pés de seus seguidores! Pedro é o primeiro a se opor a essa atitude de Jesus. Pedro tinha grande respeito pelo Mestre, mas nem sempre entendia os gestos de Jesus. Se no pusermos no lugar de Pedro, talvez entenderíamos seu modo de raciocinar. Pedro vivia num mundo em que tarefas mais pesadas ou consideradas degradantes eram relegadas aos servos. Toda autoridade – seja ela política, religiosa ou civil -, se deseja ser digna da função e ser acolhida e valorizada, precisa estar atenta aos outros, principalmente aos mais vulneráveis. Jesus quer que seus discípulos de todos os tempos entendam que ele veio ensinar uma forma nova de relacionamento entre as pessoas. O que conta não é o poder, o domínio egoísta, mas o serviço. Mesmo em funções diferentes, o que deve prevalecer é o cuidado uns pelos outros. Com seu gesto, Jesus nos ensina que não podemos nos fechar em nós mesmos, mas devemos nos preocupar com o bem-estar de todos. Jesus lavou os pés dos discípulos durante uma ceia. Isso lembra que a missa, a celebração eucarística, é a ocasião privilegiada de aprendermos com ele a servir uns aos outros. (10Padres e Irmãos Paulinos – Dia a Dia com o Evangelho – 2020 – Paulus)
A narrativa de João concede a Jesus pleno domínio dos acontecimentos. Enquanto os evangelhos sinóticos (que têm estruturas e narrativas parecidas) salientam a instituição da Eucaristia, o Evangelista João narra o lava-pés, ambos gestos de doação por parte de Jesus. O lava-pés expressam o significado profundo da paixão, morte e ressurreição. O fato tem um simbolismo batismal, por se tratar de um gesto de purificação e de inserção-participação na comunidade cristã. O lava-pés é considerado um símbolo de toda a vida de Jesus: um serviço de amor até às últimas consequências e até à morte. Por isso, Jesus lavar os pés não significava um ato de escravo, mas um gesto salvador, que dá vida ao mundo. Para Jesus, a Páscoa é passar deste mundo para o Pai; por isso, ele enfrenta a Paixão com extrema lucidez. Cumpre plenamente sua missão, ama os seus até ao extremo, doa sua vida em sacrifício e como prova de amor. A paixão pode ser entendida como uma obra de amor levada às últimas consequências. Contemplando o gesto do lava-pés e a doação de Jesus na cruz, entendemos que nossa missão é doar nossa vida em serviço e doação. (11Braz Lorenzetti – CMF – Diario Bíblico – 2024 – Ed Ave Maria)
O Senhor deseja alimentar-nos. Este é o seu desejo mais profundo. A Eucaristia é verdadeira mesa, verdadeiro encontro, e o corpo de Jesus é verdadeiro alimento. Não é um símbolo ou uma mera reunião de amigos: Jesus implora que os seus discípulos se encontrem e comam o seu corpo. Se nos alimentamos de Jesus, Ele habita em nós, está em nós e nos transforma. E no nosso coração ganhará cada vez mais força o seu convite a que, também nós, sejamos alimento para os outros, como Ele é o nosso alimento. Ao meditarmos sobre o relato da despedida de Jesus dos seus discípulos, segundo São Paulo. As palavras de Jesus são mandamento. Depois da Última Ceia, o Senhor vai até ao Jardim das Oliveiras. Acompanhemos Jesus, silenciosamente, na sua oração no Horto. Fiquemos com Ele. Oremos e façamos nossa vigília com Ele. (12Pe. Nelson Faria SJ)
Ó Mestre e Senhor, celebras a ceia derradeira com teus discípulos. E os surpreende lavando-lhes os pés, sinal e herança de humildade e serviço, para as comunidades cristãs de todos os tempos. Senhor Jesus, muda a nossa mentalidade e faz-nos compreender o significado de Teu gesto de humildade, que nos cabe fazer no trato com os nossos semelhantes. Amém
Fonte: (1Pe. Nelson Faria SJ) - (2Bíblia Pastoral – Jo 13,1-17) - (3Jaldemir Vitório, SJ – Dia a Dia nos passos de Jesus – 2011 – Paulinas) - (4Bíblia Pastoral 1Co 23-26) - (5Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp – Dia a Dia com o Evangelho – 2015/2017/2023 – Paulus) - (6Elizabeth Mendes FCJ, Diário Bíblico 2018 – Ed. Ave Maria) - (7Pe Lui\ Miguel Duarte, Dia a Dia com o Evangelho 2018 – Paulus) - (8Moisés Alves dos Santos – Daniel Aparício Rasteiro – CMF – Diário Bíblico – 2019 – Ed. Ave Maria) - (9Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp – Pe. Nilo Luza, ssp – Dia a Dia com o Evangelho – 2020 – Paulus) - (10Padres e Irmãos Paulinos – Dia a Dia com o Evangelho – 2020 – Paulus) (11Braz Lorenzetti – CMF – Diario Bíblico – 2024 – Ed Ave Maria) - (12Pe. Nelson Faria SJ)
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