A difícil tarefa de buscar o voto do eleitor, disputado palmo a palmo por um batalhão de candidatos, faz com que homens e mulheres sofram uma verdadeira metamorfose em suas atitudes.
É comum vermos e ouvirmos estes candidatos em lugares nunca dantes visitados por eles. Mas, com o apoio de algum líder do lugar pregam em seus discursos em alto e bom tom que, uma vez eleitos, parte de seu trabalho será direcionado na busca de melhorias para aquela localidade, pois não é justo, não é aceitável que uma comunidade viva a margem do desenvolvimento. E dizem isso como que num coro de cantores, lógico que cada um em seu palco.
Estes mesmos candidatos procuram guarida junto aos amigos e solicitam, deles, apoio à sua empreitada e, reverberam: “É preciso que nos perfilemos no mesmo ideal de mudanças, para que juntos possamos acelerar o processo político, social e econômico dessa região”. E dizem isso como que sendo a última de suas promessas.
Defendem todos eles, sem nenhuma exceção, que é necessário provocar mudanças radicais no sistema político brasileiro. E que é chegada a hora da renovação. Defendem não ser possível que uns ganhem tanto, quando outros vivem na mais amarga das misérias. E buscam desse lado o apoio dessa grande massa votante. Mas, com a mesma perspicácia, buscam o apoio financeiro daqueles que condenam em seus discursos. E estes, certamente, bancarão a campanha, pois sabem que muito dos políticos, uma vez eleitos, defenderão sim a grande massa miserável, mas não com a mesma espontaneidade que defenderão os interesses de quem os ajudou, financeiramente, para que eles fossem eleitos.
E depois de eleitos, alguns até conseguem cumprir parte das promessas que fizeram em palanques, se bem que muito aquém daquilo que fora sonhado por aqueles que lhe deram um voto de confiança.
E eles, uma vez empossados em seus cargos, mudam de atitudes: “aquele líder de bairro já não é mais visitado com a mesma frequência”; “os amigos, estes agora já não fazem mais parte do seu novo rol de amizades, de alguns eles até esqueceram o endereço”; “os que o ajudaram financeiramente, estes sim, têm agora um representante para defender os seus direitos”.
E nós, o povo, temos que engolir o técnico que escolhemos para dirigir a nossa seleção e esperarmos pacientemente, durante quatro longos anos, para podermos sonhar novamente com a possibilidade de, ao invés de sermos apenas espectadores, sermos efetivamente os campeões dessa partida decisiva, onde sempre esteve em jogo a real mudança que aspiramos.
Adelino Alexandre Lopes – Literato (Onileda)
Mín. 26° Máx. 40°